Quando tirei a última folha de papel de presente, toda amassada e rasgada que envolvia a bonequinha em seu leito de coma induzido, fitei-a pela primeira vez nos olhos.
Olhos vítreos. Olhos mortos. Mas tinha um sorriso nos lábios.
Foi ali que me perdi numa calma, numa serenidade. Acho que dormi por dias com olhos abertos e sorriso nos lábios. Semi-morta.
Invejei a bonequinha que dormia, enquanto absorvia o mundo e a mim. Era como sonhar indefinidamente.
E naquela epifania pagã, encontrei força descomunal e me livrei da bonequinha.
"Não me mate, bonequinha!". Joguei-a no lixo e acordei.
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