terça-feira, 15 de outubro de 2019

Lua cheia

Eu vi a mesma lua
Era ela de manhã e era ela de noite
A mesma lua que se despedia tímida para o sol brilhar
De noite, era imponente, estava ali para intimidar

Não havia estrelas
Somente ela e para ela era toda aquela escuridão
Será que ela já sabia que seria a famosa atração da noite?
Que os casais apaixonados olhariam para ela e fariam poemas de paixão?

Ela se retirou por um longo dia de sol
Agora ela era mais amada
Agora ela era admirada
Será que deveria ser assim?
Retirar-se da cena e depois voltar com um brilho ainda mais intenso?
E a escuridão que abriga...
O que a escuridão viu?

Não fique com medo
Deve-se ter um pouco de escuridão para poder ver a luz (lua)!
A garotinha estava encantada com seu vestido rodado que, a cada movimento de pião, transformava-a numa flor.
Ela poderia ficar girando e girando pra sempre, sorrindo pela sensação inebriante que seu cérebro experimentava.
Agora era como se ela fosse um conjunto sinestésico de sensações, conseguia até sentir o pólen, o cheiro, as abelhas rondando as suas pétalas.
Antes que suas folhas murchassem, alguém parou seu rodopio, censurou a mocinha com alguma frase corriqueira do tipo “nãos e nuncas” e ela se desequilibrou, caiu e ralou um pouquinho os joelhos.
Por um breve momento ela foi flor e agora é só uma garotinha caída, chorosa, com o vestido sujo e os joelhos ralados.
Uma outra criança cutuca seu ombro:
- Vem! Vamos brincar de outra coisa!

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

A última pessoa que passou pelas portas pesadas do búnquer chamou "lá fora" de "noite".

Tempos do mal

Chegou o tempo que eu aguardei tanto
Que eu poderia sair de casa toda rasgada e maltrapilha, suja e fedida
Chegou o tempo em que eu poderia vomitar palavrões a qualquer estranho nas ruas
Eu posso pisar em poças de lama
Posso riscar carros com chaves
Minha única preocupação seria qual a minha próxima maldade
Nem tão mau assim mas não boa.

Não, minha querida, não são tempos do mal.
É apenas um dia ruim, você precisa comer algo e banhar-se.

segunda-feira, 11 de março de 2019

Despertar comum

O chão se movia, a terra flutuava e os pensamentos estavam como que dentro de nuvens
Era um amanhecer típico, com sonhos ainda engatilhados
A vontade era de se estar envolta em todas aquelas cobertas de algodão macio
Um olhar no relógio do celular e eram 6h15min
O despertador avisara
Outro olhar e já eram 8h13
Quase duas horas de passaram num hiato de nebulosidade e incerteza
O querer ir e o querer ficar
Havia opção? Será que tinha escolhas?
Sempre tem, minha cara.
Sempre tem.