A garotinha estava encantada com seu vestido rodado que, a cada movimento de pião, transformava-a numa flor.
Ela poderia ficar girando e girando pra sempre, sorrindo pela sensação inebriante que seu cérebro experimentava.
Agora era como se ela fosse um conjunto sinestésico de sensações, conseguia até sentir o pólen, o cheiro, as abelhas rondando as suas pétalas.
Antes que suas folhas murchassem, alguém parou seu rodopio, censurou a mocinha com alguma frase corriqueira do tipo “nãos e nuncas” e ela se desequilibrou, caiu e ralou um pouquinho os joelhos.
Por um breve momento ela foi flor e agora é só uma garotinha caída, chorosa, com o vestido sujo e os joelhos ralados.
Uma outra criança cutuca seu ombro:
- Vem! Vamos brincar de outra coisa!
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