terça-feira, 15 de outubro de 2019

Lua cheia

Eu vi a mesma lua
Era ela de manhã e era ela de noite
A mesma lua que se despedia tímida para o sol brilhar
De noite, era imponente, estava ali para intimidar

Não havia estrelas
Somente ela e para ela era toda aquela escuridão
Será que ela já sabia que seria a famosa atração da noite?
Que os casais apaixonados olhariam para ela e fariam poemas de paixão?

Ela se retirou por um longo dia de sol
Agora ela era mais amada
Agora ela era admirada
Será que deveria ser assim?
Retirar-se da cena e depois voltar com um brilho ainda mais intenso?
E a escuridão que abriga...
O que a escuridão viu?

Não fique com medo
Deve-se ter um pouco de escuridão para poder ver a luz (lua)!
A garotinha estava encantada com seu vestido rodado que, a cada movimento de pião, transformava-a numa flor.
Ela poderia ficar girando e girando pra sempre, sorrindo pela sensação inebriante que seu cérebro experimentava.
Agora era como se ela fosse um conjunto sinestésico de sensações, conseguia até sentir o pólen, o cheiro, as abelhas rondando as suas pétalas.
Antes que suas folhas murchassem, alguém parou seu rodopio, censurou a mocinha com alguma frase corriqueira do tipo “nãos e nuncas” e ela se desequilibrou, caiu e ralou um pouquinho os joelhos.
Por um breve momento ela foi flor e agora é só uma garotinha caída, chorosa, com o vestido sujo e os joelhos ralados.
Uma outra criança cutuca seu ombro:
- Vem! Vamos brincar de outra coisa!