segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Perdi um amigo

Eu perdi meu amigo.
Não sei o  momento em que isso aconteceu mas o fato é claro, eu o perdi.
Ele estava aqui, ria das minhas piadas, ria de mim. Falava muito e ouvia muito. As conversas podiam ser infinitas se o sono não nos enlaçasse, se a terra  não girasse.
Agora o mundo é só dele, as conversas só sobre ele, as necessidades dele.
Eu... Eu sou só mais aquele ouvido que ouve, a cabeça que acena.
Mas é tudo tão ele, ele, ele.
Chegamos ao clímax da generosidade e da empatia x egoísmo?
Eu perdi meu amigo. Não o reconheço em nenhuma parte.
Não o reconheço em nenhuma piada, nenhuma música, nenhuma voz. Ele se perdeu e eu o perdi.
Era o ápice de minha generosidade abrigar o egoísmo dele ou era o meu egoísmo exacerbado que não suportava mais ser tão generosa?

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Passado e lembrança

Eu posso fazer meu próprio caminho
Entre o chão e o céu
Entre o possível e o miraculoso.
Eu senti isso em minhas veias quando pulsaram
A música que você gosta se tornou a minha preferida
Eu não preciso rimar para ouvir o gosto.
Entre o passado e a lembrança
A linha tênue do que aconteceu, o fato
E o que eu tinha de esperança

Quero falar de passado e de lembrança.
O que aconteceu, o que era realmente não se parece em nada com o que eu me lembro.
Era tudo tão grande, espetacular, o tempo tão longo.
Talvez os risos nem fossem tão felizes e as pessoas nem tão especiais mas as lembranças, as minhas lembranças transformam esses "fatos" em momentos, em vidas majestosos. A felicidade de que agora sinto saudades. A lembrança da infância do tudo possível. Pode ser exagero, mas para as pequenas almas, todo sorriso, toda palavra amiga, toda risada parecia maior. As pessoas que estavam lá, as crianças com seus apelidos bobos, eram as melhores pessoas, eram os que eu queria ver todas as tardes depois da escola. Meus artistas, pintores, dramaturgos, atores, comissários de bordo, meus cafés com leite. E aquela roda que girava sem fim, teria um fim, que mal sabíamos...
Eu queria nesse exato momento estar no passado que gerou essas lembranças tão grandiosas e eu queria abraçar a todos, minhas avós com seus quitutes assando, meus pais e meus tios e suas conversas de adulto, meus primos, desalinhados, correndo, cutucando... e depois brincar de roda, dar as mãos. Será que tudo ainda seria grandioso como eu acho que foi?
Quero que daqui a uns anos, o passado que agora é o meu presente traga lembranças espetaculares como se eu estivesse crescendo em graça para sempre. Deus me dá oportunidade de crescer, de aprender para sempre.
Agora a dúvida que me corroi. Será isso o meu caminho? Continuar a crescer e crescer para que a minha pequenez seja uma lembrança grandiosa? Será esse o caminho que eu farei entre o possível e o miraculoso?