domingo, 27 de setembro de 2015
Diálogos de lobos 4
Cassu sabia que esse dia chegaria. Desde quando entrou para aquela matilha estranha de lobos vorazes, confusos e loucos. Desde quando se sentia um usurpador. Ele sabia que Bogus logo o enfrentaria num embate psicológico, porém violento, e logo, público.
- Vejam todos, esse lobo fraco! Observem detalhadamente para essas suas formas frágeis e fracas. Esse é o líder que vocês querem? Esse é o líder que vocês querem? - exclamou Bogus do alto de uma pedra que deixava tanto ele como Cassu em evidência ante à matilha.
Ninguém ousou responder. Nunca entendia-se os jogos de Bogus. Ele era tão enigmático.
Cressida, obviamente estava à espreita, cheia de opiniões, raiva, e pronta para engatilhar toda sorte de ofensas ao lobo alfa, arrogante, que ela desprezava. No entanto, ela ficou silente. E torceu em seu coração por três coisas:
1. Que Cassu não chorasse
2. Que Cassu não respondesse
3. Que Cassu não abaixasse a cabeça
E assim se deu. Depois de constrangedores milissegundos quase eternos, Bogus riu guturalmente, uivando até de tanto prazer sádico.
- Hoje teremos uma ceia especial! Aos ovídeos e carneiros mais suculentos! Música e dança!
Cassu desceu da pedra, se misturou aos lobos cinzentos e desapareceu. Ficar invisível era maravilhoso agora. Cassu sabia que esse dia chegaria e se preparou para ele. Quando Bogus jogar, Cassu jogará.
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