Aproveito a overdose de cansaço pra dizer coisas que não diria acordada.
Quem me julgará? Agora que digo o que me vem à cabeça, quem me condenará?
É a sexta ou sétima vez que ouço a mesma música, nem sei por quê!
Na verdade eu queria estar narrando tudo vindo de um sonho...porque assim eu estaria dormindo e descansando.
Mas meu status de overdose de cansaço me faz pensar e imaginar e minha cabeça não para um só instante de pensar e visualizar coisas bizarras, como quando vi um jacaré entrando pela janela do meu quarto!
Mas hoje eu viajei, estou numa terra que nunca vi! O amarelo do trigo é dourado nos campos e são montanhas que se movem, ora cá, ora lá. Elas dançam, na verdade. E há uma árvore. Não uma árvore que ri, mas uma que chora pois suas folhas de tão longas tocam o chão. E eu moro lá. Um túnel secreto cheio de luzes. Coloquei fotos penduradas nos galhos. Não lembro quem eram. Mas assim que entrei no refúgio...bateram asas. Brilharam no alto. Bem alto. Viraram estrelas!
E já estava no mar. Minha casa estava longe....muito longe. Afinal, onde estava minha casa? A árvore que entrelaçava seus cabelos como Rapunzel engolira tudo ao redor, mas os retratos não estavam mais lá. Então, parti. Não era mais meu lar. Não era meu lar.
Agora estou no mar.
Mar salgado pelas lágrimas das estrelas refletidas nele. Mar sem ondas. Sem vento. Não vou pra lugar nenhum. Nunca sairei daqui com minha jangada de palitos de picolé. Era tudo tão ínfimo. Mas as estrelas longínquas estavam ali, bem do meu lado, embora não pudesse tocá-las.
Ah! Pensei num dragão também. Um dragão que cospe gelo. Ele fez um favor. Congelou o mar.
Pena que a brancura do gelo não me deixou mais ver os retratos, as borboletas brilhantes que se tornaram estrelas. Ou talvez, fossem apenas isso: estrelas, pra quem dei rostos, e pendurei achando que poderia perpetuá-las comigo. O dragão me fez o favor. Elas não brilham mais ao meu lado. Eu não as toco. Mas o branco brilha bastante também. Não me queixo.
Assim como o trigo que dourava as montanhas dançantes!
Nas ilusões e viagens da minha mente...poderia eu estar na Lua? Quem sabe...uma pérola azul! Será que posso voltar pra onde vim? Será que posso voltar tudo do começo? Será que posso sempre voltar? Acho que não! A árvore lacrimosa já engoliu tudo ao redor! As montanhas talvez ainda dancem dentro dela, talvez o dragão a congele, mas eu não entro mais lá!
10:45 p.m.
bêbada de sono, ouvindo Beirut e cansada!
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