sábado, 24 de agosto de 2024

Pomba morta

Hoje eu vi uma pomba morta no estacionamento do trabalho.

Há quanto tempo ela estava ali? Alguém mais tinha notado a presença de seu corpinho sem vida? Como ela morreu? Algumas perguntas começaram a surgir dentro da minha cabeça e eu não tinha resposta para nenhuma delas.

Eu imagino, no entanto, o que foi, talvez, a vida dela:

Rejeição 

Nojo

“Pombas são como ratos”

“Pombas trazem doenças”

“Pombas são sujas”

Elas não são animais fofos de forma alguma.

Nem bonitas.

Ninguém considera ter pombas de estimação.

Mas, eu estava triste, olhando o que para mim, agora, não era mais só uma pomba: era um pássaro.

Como se morrer, automaticamente, tivesse feito ela ser melhor.

E, analisando friamente, acho que é o que morrer faz com todos, não é mesmo?

Quando voltei do almoço alguém tinha retirado a pomba morta do estacionamento. Será que deram um enterro decente pra ela ou só jogaram no lixo?

E o fim é esse, não importa se você foi pomba, gralha, arara ou tucano, todos vão para o mesmo lugar. 

Mas alguns, como pombas mortas, tem um efêmero momento de semi-importância, quando já não importa mais. E aí eu me pergunto: por que odiamos tanto as “pombas vivas”?


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