Todos os dias Maria batia o ponto às 8 horas da manhã.
Sentava à sua mesa extremamente bagunçada. Havia papeis, souvenirs de viagens que os colegas lhe traziam, papeis e plásticos, restos de comida. Havia também várias canetas que não escreviam e máquina que não datilografava.
Curiosos eram aquelas recomendações, certificados e a plaquinha de funcionária excelente que ela ostentava com tamanho orgulho na parede esquerda de sua sala minúscula. Ela colocara aquelas molduras de excelência bem à sua vista. Ela era a melhor.
Não havia dúvidas, Maria era a melhor no que fazia. Todos a agradeciam por seu trabalho, elogiavam e pediam conselhos.
Mas Maria não queria agradar à todos aqueles outros. Ela queria a graça de seu chefe. Isso Maria já tinha. Todos os dias, fazia horas extras e nos fins de semana lá estava ela, fazendo o melhor dos trabalhos, escutando, esperando, estando disponível. Funcionária do mês doze vezes por ano.
Maria era a melhor pessoa-objeto que eu já vi. Excelente e sempre usável.
Hoje seu chefe não veio, não pediu nada, não questionou nada, não apareceu.
Maria guardou todas as suas coisas em caixas de papel sulfite usadas:
- Vou mudar de emprego!
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