Cassu deu duas voltas em torno de si mesmo. Já estava começando a ficar tonto e as folhas e a terra já remexidas indicavam sua passagem circular ali. Deu mais uma volta e quando tudo rodava ao redor dele, parou!
Olhou pro alto e viu o seu sicômoro favorito. Num de seus galhos repousava Cressida, a coruja zombeteira. Era dia, sol alto, nuvens, muitas nuvens. Cressida deveria estar dormindo.
Cassu a odiava, mas não conseguia ignorá-la e precisava, Deus sabe por quê, ouvir o que a caçoísta ave tinha a comentar sobre ele hoje.
- Parece que sua última conversa com Bogus não te acrescentou nada, hein Cassu! Continua confuso e andando em círculos. Eu mesma, não o compreendo. Bogus quer que você tenha sua própria matilha, que se solte dele, parece que receia que sua autoridade logo o emudecerá. Por outro lado, ele insiste em te chantagear com aquela frase idiota sobre segurança "You are safe with us!" Não sei o que é mais balela. O que será que ele quer, Cassu? Que você fique ou que você vá? Que seja um corajoso líder ou só mais um na matilha dele? Se isso fosse problema meu, eu estaria aí dando voltas com você. Sabe que me importo com você, né Cassu? Nada me faria mais feliz do que ver que você é um lobo decidido e que resolveu ficar. Se você ficar, eu fico. Sei que aprecia minha acidez e te juro que não faço por mal. Tampouco quero te pressionar. Mas você é um lobinho, apenas. Não deixe que ninguém faça a sua cabeça.
- Por que você está dizendo estas coisas, Cressida? Você não se importa, não! Você nunca desce desse seu galho maldito e inalcançável!
- Vou dormir, Cassu. Pare com essa barulheira de suas patas nessas folhas secas.
Cassu parou. A coruja era mesmo muito sábia.
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