O quadro com a moldura envelhecida, pendente em um dos lados. Parecia que ninguém se importava de arrumá-lo. Eu virava a cabeça um pouquinho e conversava com o velho. O menino parecia sempre distante.
Mas eu não entendia a ponte. O velho me parecia feliz e suas conversas sobre a chuva e sobre o tempo nunca me fizeram duvidar de sua sanidade ou de seu bem-estar emocional, mas o menino descalço parecia muito distante. Dava a impressão de ter sido colocado ali depois; bem próximo à beirada da ponte, quase se precipitando dela. Garoto infame, parecia gargalhar e morrer de dor ao mesmo tempo. Zombava do quê?
Da vida? Do velho? Da ponte?
Por que ele estava ali?
Ele me olhou uma última vez, nem como uma despedida. Foi mais como um convite para que eu ficasse eternamente na dúvida, para que eu me corroesse tentando achar as respostas. Ele zombava de mim. Era isso.
O menino e o velho e a ponte...o menino distante e zombador.
Quando se virou com seu convite à minha perturbação, acenei com a cabeça e ele pulou.
Zombando de mim e da morte.
Sempre tinha o velho e a ponte, no mesmo lugar, à mesma luz.
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